terça-feira, 15 de junho de 2010

Rally urbano



Tentar se locomover sobre rodas nas ruas de uma cidade é uma aventura épica. Sobram buracos, imperfeições e obstáculos intransponíveis, faltam rampas e rebaixamentos nas calçadas.
Às vezes tais barreiras estão nos lugares mais improváveis. Vejam que lindo esse poste no meio da calçada na foto acima. Esse absurdo está localizado em frente a uma clínica de fisioterapia, acreditem se quiserem. Como é possível passar uma cadeira de rodas por aí? A minha quase não passa, mas é infantil, se fosse uma cadeira grande seria impossível. Sem falar que não precisa ser deficiente pra sofrer com esse obstáculo, qualquer ser desavisado ou distraído corre o risco de dar de cara no poste.
A tal clínica fica em um prédio espelhado, muito bonito, localizado em uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre. Porém, não há estacionamento próximo e, pasmem, me deparei com dois degraus na entrada. Fisioterapia não é para pessoas com dificuldades físicas?Como eu já disse por aqui, mesmo com boas intenções, falta visão das pessoas, que não percebem como detalhes arquitetônicos e físicos fazem a diferença.
Foto: Arquivo Pessoal

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Descarregando o material...


Da série: "minha vida é uma comédia"...
Ser cadeirante é uma aventura diária. Não são poucas às vezes em que somos tratados como objetos literalmente. Usar elevador de carga, ser levada escada abaixo ou acima como se fosse uma coisa qualquer já são fatos normais do meu cotidiano.
Mas quando eu acho que já passei por tudo nessa vida, acontecem coisas que superam as expectativas. Outro dia, chegando pra mais um dia de aula de Inglês na PUCRS, minha mãe pediu a um dos seguranças, como faz sempre, autorização para estacionar em frente ao prédio onde eu estudo. Eis que o rapaz pergunta, sem a menor cerimônia:
- Ah, a senhora vai descarregar o material?
Oi? Como assim? Tá falando de mim, moço? Minha mãe apontou para o adesivo enorme no vidro do carro, indicando veículo que transporta cadeira de rodas, mesmo assim ele custou a entender. Piadista, ela respondeu, apontando para mim, que eu era o material a ser descarregado. Moço, alooooou, o "material" aqui estuda, trabalha, passeia, tem vida social, sabia?
É claro que situações como essa rendem boas risadas em família. Sei que vou ser chamada de "material" por algum tempo lá em casa... Mas, falando sério, me assusta um pouco a falta de noção, percepção, visão ou seja lá o que for das pessoas.
Não há o que não haja...