quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Passeata do Movimento SuperAção - cada vez melhor!


No último domingo aconteceu a 2ª edição da Passeata do Movimento SuperAção em Porto Alegre. Mais uma vez, o Parque da Redenção foi palco de um evento inesquecível, no qual todos se uniram para celebrar o início da primeira Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência.
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O dia estava perfeito, já que até "São Pedro" colaborou para que tudo saísse conforme o planejado. Como falou o Secretário da Justiça e Direitos Humanos Fabiano Pereira, o sol garantiu o sucesso da passeata, "representando que a natureza é bela porque respeita as diferenças."
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Encontrei muitos amigos que fazem parte dessa luta, com destaque para Juliana Carvalho, responsável pela organização do evento. A presença de várias autoridades foi fundamental para a divulgação das políticas públicas que começarão a ser adotadas daqui pra frente.
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Durante a solenidade de abertura, o presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Roberto Oliveira, levantou uma questão importante:
- As leis que falam das pessoas com deficiência muitas saem dos gabinetes e não consultam os maiores interessados.
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Secretário Municipal de Acessibilidade Paulo Brum falou sobre a assinatura do Plano Diretor de Acessibilidade e ressaltou:
- Porto Alegre em breve será uma referência nacional no que diz respeito a acessibilidade e respeito as pessoas com deficiência.
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A passeata serviu para dar mais notoriedade às questões relacionadas a pessoas com deficiência. É preciso sair pra rua, "agitar" e mostrar ao mundo que estamos na luta pelos nossos direitos. O vereador Engenheiro Comassetto comentou:
- Este movimento é importante para superar o que nós chamamos de invisibilidade. a sociedade não consegue ver as pessoas com deficiencia porque elas não conseguem enfrentar as dificuldades do dia-a-dia devido a falta de estrutura publica.
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E é isso mesmo, as pessoas com deficiência só não estão mais atuantes na sociedade por causa das barreiras arquitetônicas que a cidade impõe. Chegou a hora de mostrar que Porto Alegre pode sim ser "uma cidade para todos", como disse o prefeito José Fortunati na solenidade:
- Quando andamos pela cidade percebemos claramente que ela é feita por pessoas diferentes. As diferenças são inúmeras e cabe ao gestor público pensar na cidade para todos.
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Plano Diretor de Acessibilidade foi aprovado segunda-feira, dia 22. Entre as ações previstas, estão a reestruturação de calçadas e prédios públicos, instalação de equipamentos sonoros e táteis que facilitem a vida dos deficientes visuais, entre outras iniciativas que ajudarão a tornar Porto Alegre um exemplo nacional de acessibilidade.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Seminário "Mídia e Deficiência" - o evento do ano


No último dia 27 tive o prazer de participar de um evento histórico na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Organizado por Juliana Carvalho, coordenadora do projeto Assembleia Inclusiva e do Movimento Superação RS , o Seminário "Mídia e Deficiência" discutiu com maestria o papel dos meios de comunicação no processo de inclusão. Entre os palestrantes, estavam representantes dos principais veículos de imprensa do Estado, políticos e jornalistas. Mas a cereja do bolo foi a presença do meu amigo Jairo Marques, chefe de reportagem da Agência Folha e dono do blog Assim como você.
Cheguei cedinho para participar dos principais debates, mas levei um susto logo na entrada do auditório. O elevador para cadeirantes emperrou e minha cadeira virou pra frente, quase me derrubando no chão. Não fosse a agilidade da minha mãe salvadora, nem sei o que teria acontecido. Mas dessa vez foi só um susto, graças a Deus.
Voltando ao que interessa, logo na abertura do Seminário o presidente da FADERS (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no RS), Cláudio Silva, deixou bem clara a importância do evento, mas ressaltou que "acessibilidade é feita no dia-a-dia, no cotidiano". E é isso mesmo que devemos ter em mente, que não basta uma discussão isolada para resolver essas questões.
O Secretário da Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, esteve presente ao evento como representante do governador Tarso Genro. Ele destacou que as pessoas com deficiência precisam ter mais espaço na mídia e reforçou a importância de preparar a cidade para um evento como a Copa do Mundo de 2014. Mas deixou bem claro:
- A Copa é só uma ideia, temos q nos preparar para a vida.
Os representantes dos veículos de comunicação do Estado discorreram sobre as tecnologias que cada emissora utiliza para facilitar a compreensão de pessoas com deficiência visual e auditiva, por exemplo. Givanildo Menezes, gerente de jornalismo da Record, falou sobre a importância da mídia na sociedade:
- O que a gente diz é tomado como verdade pelo público, somos formadores de opinião. Se a gente disser q a pessoa com deficiência é diferente, se colocar como coitadinho no centro dessa discussão, é assim q o público vai enxergar.
O jornalista Jairo Marques, meu querido amigo e defensor da ideia de que os "malacabados" irão dominar o mundo, deixou bem claro como as pessoas com deficiência esperam ser retratadas na mídia e no cotidiano:
- É preciso olhar os deficientes como pessoas da sociedade que querem trabalhar, ir ao clube, ao futebol... É preciso q a mídia enxergue essas pessoas como cidadãs.
Jairo mostrou algumas matérias especiais que foram feitas pela Folha de S. Paulo. Todos os cadernos do jornal apresentaram alguma questão referente a pessoas com deficiência, revelando que estamos em todos os setores da sociedade.
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Eu e o querido Jairo Marques, meu ídolo
O painel seguinte abordou a inclusão de pessoas com deficiência na mídia e como é possível retratar essas questões sem cair nos 'lugares comuns" ou rótulos como "superação", "coitadinhos"... O repórter da RBS Manoel Soares apresentou algumas matérias exibidas pela emissora, entre elas, uma que mostrava uma menina surda no papel de "repórter cidadã".
Outra presença importante no evento foi a do Coordenador do curso de Jornalismo da PUCRS, Vitor Necchi. Tive o prazer de ser aluna dele em várias cadeiras da faculdade e ouvi-lo defender as questões de acessibilidade e inclusão só aumentou minha admiração. Vitor falou que não devemos ter paciência com a mídia, principalmente no que se refere a preconceitos e "rótulos" tão amplamente mostrados nos meios de comunicação. Isso vale para todas as minorias que, segundo ele, são retratadas de forma equivocada pela imprensa.
Apesar de não poder ficar até o final do Seminário, já saí de lá com muitas ideias e novas formas de pensar sobre questões sobre as quais muitas vezes temos uma visão errada. O saldo foi muito positivo, não só para minha vida profissional, mas também como cidadã e, é claro, como uma pessoa com deficiência que batalha para ser inserida na sociedade de forma natural e sem "traumas".