domingo, 24 de julho de 2011

Cinemas x cadeirantes - a saga continua


É incrível como a sociedade acha que deficientes não têm direito a uma vida social como todo mundo. Ir ao cinema, como já contei aqui, é uma aventura com desfecho imprevisível.
Semana passada, curtindo meus últimos dias de férias, decidi ir ver o último filme da saga "Harry Potter". Pra evitar surpresas, fui ao único cinema onde tenho certeza de que há acesso para cadeirantes, o GNC Iguatemi. Porém, ao chegar lá, fui informada de que a sessão já estava lotada. Normal para um filme de sucesso que havia estreado há poucos dias. A moça da bilheteria disse que os reservados para cadeirantes estavam disponíveis, mas as cadeiras vizinhas a estes lugares estavam todas ocupadas. Como eu estava acompanhada do meu primo, não fazia sentido ir sozinha, afinal, a graça está em comentar o filme com alguém, né?
Até aí tudo bem, mas depois me bateu uma dúvida: será que as poltronas do cinema localizadas ao lado dos espaços para cadeiras de rodas não seriam destinadas aos acompanhantes dos cadeirantes? Enfim, desisti do filme naquele dia...
No dia seguinte, era uma questão de honra. Fui obrigada a ir ao Cinemark do Bourbon Ipiranga, já que era mais perto da minha casa e tinha ingresso promocional naquele dia. Mas lá há uma escadaria dentro das salas, isso eu já estou careca de saber. Mas como sempre posso contar com aquela "mãozinha amiga" (ou mãezinha amiga, melhor dizendo), encarei.
Pra minha surpresa, o rapaz da bilheteria resolveu encrencar. Disse que eu só poderia assistir ao filme na primeira fila, pois não há outro espaço para cadeirantes. Nos fizemos de desentendidos e dissemos que não tinha problema, a gente dava um jeito de subir. Ao que o funcionário respondeu:
- Tudo bem, mas o cinema não se responsabiliza se der algum "poblema".
Na hora deixei passar, fingi que não ouvi e fui ver meu filmezinho sossegada. Eis que me deparo com a notícia de que a cadeirante Vitória Bernardes foi barrada no mesmo Cinemark Ipiranga. O caso dela foi ainda mais grave, já que o gerente do local proibiu a moça de subir, mesmo com a ajuda de seus acompanhantes, e ainda disse em alto e bom som que o cinema não tinha estrutura e que era feito para "pessoas normais".
Oi? Sinceramente, considero "anormais" as pessoas que falam esse tipo de besteira. Com toda a razão, Vitória vai processar a empresa e certamente vai ganhar essa batalha.
Em outro caso semelhante, um rapaz cadeirante recebeu uma indenização do GNC Praia de Belas, por não ter conseguido assistir a um filme por falta de acesso no local. Lá mesmo, aliás, eu já enfrentei o mesmo problema, lembram? A diferença é que "deixei pra lá". Burrice minha, reconheço... Se eu fosse entrar na justiça cada vez que passo por esse tipo de situação, já estaria rica. Tô perdendo dinheiro, dãããã! {#}