segunda-feira, 9 de julho de 2012

Cinema novinho em folha, mas adaptação pela metade...


Aos poucos, os cinemas de Porto Alegre estão se adaptando às pessoas com deficiência. Os locais estão mais acessíveis, mas ainda há muuuuito o que melhorar.
Há quase dois anos, como já contei aqui, enfrentei um problemão no GNC Praia de Belas, ao dar de cara com uma baita escadaria que dava acesso às salas. Na época, cheguei a reclamar com a empresa responsável e responderam que estava prevista uma grande reforma e que novos cinemas (totalmente acessíveis) seriam instalados no shopping.
Pois bem, este ano os novos cinemas finalmente foram inaugurados. Assim que tive um tempinho, fui conferir o local "totalmente acessível", feliz da vida.
Logo na chegada, quando fui comprar os ingressos, vi que tinha um guichê adaptado, com essa fofa plaquinha indicando que era especialmente para cadeirantes. Seria perfeito, SE HOUVESSE ALGUÉM PRA ATENDER. O tal guichê estava vazio (como podem ver na foto acima), e quando solicitei que a moça do guichê ao lado trocasse de lugar pra me atender, ela se negou sem maiores explicações.
Fiquei ali, com o pescocinho doendo pra tentar enxergar a atendende por trás daquele balcão altíssimo. Na hora de escolher os lugares, mal conseguia ver a tela do computador, já que também era "muito difícil" pra atendente virar o monitor para que eu enxergasse. Como não alcancei nem para usar a maquininha do cartão, minha mãe que teve que comprar os ingressos por mim. Enquanto isso, o guichê preferencial estava ali ao lado, jogado às traças...
Minha mãe não se conformou e chamou o gerente para reclamar. Ele ouviu a reclamação, mas não deu nenhum motivo coerente para o fato de ter um balcão adaptado, mas sem atendente...
Ok, respirei de fundo e tentei engolir mais esse sapo. Hora de comprar uma pipoquinha, quase chorei de emoção ao avistar de longe uma plaquinha de atendimento preferencial no balcão da pipoca. Mas peraí, a plaquinha é só pra enfeitar, porque o balcão é do mesmo tamanho dos outros. É pra rir, gente?
Mas enfim, pelo menos a sala era ótima, com lugares pra "estacionar" a cadeira de rodas, seguidos de poltronas para os acompanhantes. Tudo isso nas fileiras do meio, sem correr o risco de ficar com torcicolo  no final do filme.
Na saída do cinema, minha mãe disse que haviam colocado uma pessoa para atender os cadeirantes no balcão preferencial (por sinal, a mesma moça que havia se recusado a trocar de lugar quando pedi para ser atendida no guichê mais baixo). É, pelo visto adiantou reclamar...

domingo, 1 de julho de 2012

The Glee Project - O reality show da inclusão


Há mais de três anos sou totalmente viciada no seriado Glee, uma mistura de musical e drama juvenil. O diferencial é que a série tem como protagonistas os "losers" (perdedores) do colégio, aqueles alunos considerados diferentes e que sofrem bullying dos colegas. Há um cadeirante, dois casais gays (duas meninas e dois meninos), uma gordinha negra, uma judia e até uma líder de torcida com Síndrome de Down.
Graças ao sucesso da atração, e como alguns personagens já se formaram no Ensino Médio, os produtores buscam novos talentos para integrar o elenco. Foi aí que surgiu "The Glee Project", uma espécie de reality show dos excluídos. A primeira temporada foi ao ar em 2011 e foram escolhidos quatro participantes para atuarem em alguns episódios de Glee, sendo que pelo menos um deles deve se tornar um personagem fixo.
Mas destaco a segunda temporada, que estreou há algumas semanas e é um show de diversidade. Entre os novos participantes, há de tudo: Abraham é oriental e metrossexual, Ali é cadeirante, Aylin é muçulmana, Charlie tem TDAH (déficit de atenção e hiperatividade), Mario é cego, Shanna é filha de uma usuária de drogas (uma "crack baby", como ela mesmo se intitula), Tyler é um transexual recém-operado e que sofre com os efeitos dos hormônios e tenta se adaptar ao seu novo corpo, Dani é uma menina que se veste e age como menino (e é a cara do Justin Bieber).
Com muita sensibilidade, os professores de canto e dança conseguem adequar os desafios a cada um dos jovens. Mario, por exemplo, recebe as músicas em braile e tem um tratamento diferenciado na hora de aprender as coreografias.
Todos eles são diferentes, cada um sabe como é enfrentar o preconceito de uma sociedade ainda tão avessa ao que foge do padrão. Mas o que os torna únicos não são essas diferenças, mas sim o enorme talento musical que cada um possui. Acima de tudo, eles estão ali para competir como iguais e mostrar que podem sim ganhar um espaço no mundo artístico.