sábado, 31 de dezembro de 2011

Balanço de 2011

Último dia do ano, é chegada a hora de olhar pra trás e relembrar o que passou. Foi um ano marcante no que diz respeito às políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. Finalmente os governos estão vendo essas pessoas como cidadãos, que merecem ter seus direitos assegurados.
Para mim, particularmente, foi um ano de muitas conquistas. Desde as mais simples, como rampas ideais que facilitaram a minha vida, até as mais importantes, como o espaço mensal no Diário Gaúcho, onde posso contar um pouco das minhas aventuras.
É claro que certas coisas, infelizmente, não mudam. Continua sendo difícil pegar um cineminha e cada vez vejo mais absurdos por aí. Mas isso tudo faz parte do cotidiano e aos poucos tudo vai mudando pra melhor.
Em setembro, participei do seminário "Mídia e Deficiência", no qual foram discutidas grandes ideias que serviram como o pontapé inicial de várias iniciativas que irão melhorar a vida das pessoas com deficiência. O mesmo evento quase foi palco de mais um tombo meu, mas felizmente não passou de um susto.
2ª passeata do Movimento Superação superou (com o perdão do trocadilho) a primeira edição e levou dezenas de pessoas com deficiência e simpatizantes ao Parque da Redenção. O diferencial foi a presença de várias autoridades, que celebraram o início da primeira Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência.
No final do ano, além da correria típica dessa época, enfrentei um exame que foi praticamente um "parto", de tanto que sofri pra me equilibrar no aparelho. Também tive meus dias de inferno astral, mas tentei levar tudo na esportiva.
Pra coroar um ano tão movimentado, ganhei um presentão de Natal. Fiquei em segundo lugar no concurso promovido pelo meu amigo Jairo Marques, cujo prêmio é uma cadeira de banho chiquetésima.
Entre confusões, dores, brigas, conquistas e muitas aventuras, superei mais um ano. Que venha 2012, com tudo de melhor que puder nos trazer. O melhor é fazer um balanço final positivo e agradecer por tudo de bom que aconteceu nos últimos meses.
Ficar lamentando as coisas ruins de 2011? Bem capaz!
Feliz 2012!!!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A intenção foi boa, mas...

Já cansei de falar aqui sobre os tais banheiros adaptados, mas nunca é demais debater sobre esse assunto. 
Há pouco mais de um mês, fui a uma cafeteria na Zona Sul de Porto Alegre e vi uma plaquinha e uma amiga comentou, após voltar do banheiro, que o mesmo era adptado para pessoas com deficiência.
Sendo assim, já que eu estava "necessitada", fui conferir. Qual não foi minha surpresa ao constatar que a minha cadeira de rodas não passava na porta do banheiro! Que legal, colocaram barras, rebaixaram a pia e esqueceram do básico...
Mas o responsável pelo estabelecimento pediu mil desculpas e já começou a tirar as medidas e pedir opiniões sobre o melhor a fazer para deixar o sanitário completamente acessível. Na saída, ele garantiu que dentro de poucas semanas eu poderia ir até lá para fazer um "test-drive" do banheiro novo. Assim que tiver novidades, volto a falar sobre isso aqui,
É assim que, aos poucos, as pessoas vão se conscientizando. O caminho é longo, mas vale a pena.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O dia do inferno astral

Há dias em que simplesmente tudo acontece. Não sei se é um alinhamento dos planetas, inferno astral, azar ou se, naquele dia, estou mais sensível ao que acontece ao redor.
A verdade é que hoje foi um desses dias. Saí de casa cedinho pra ir a uma consulta médica, uma avaliação para que eu tente conseguir um aparelho auditivo gratuitamente. Sim, porque um dos meus "defeitinhos de fabricação" é ser meio surdinha. A perda auditiva vai se agravando com o tempo em pacientes com Osteogênese Imperfecta, e ultimamente tem me incomodado bastante ter que perguntar toda hora: "quê? hein?".
Pois então, já na chegada ao hospital, a recepcionista mandou que eu entrasse em uma fila para ser atendida. É, a velha lei de que cadeirante tem prioridade de atendimento quase sempre fica só na teoria. Obedeci, esperei a fila andar e, ao ser atendida, outro probleminha. O balcão altíssimo impedia a moça de me enxergar, tive que ficar lá, balançando os braços, para ser vista.
Enfim, consulta feita, hora de realizar uma audiometria, exame que ajuda a detectar a perda auditiva. Foram duas horas de espera até eu ser atendida. Resignada, comentei com minha mãe: "o que são duas horas pra quem terá que esperar dois anos por um aparelho?". Sim, porque o Governo até fornece aparelhos auditivos, mas são apenas 40 por ano, sendo que a fila de espera é de cerca de 600 pessoas. Sendo assim, segundo o médico, são dois anos até ser chamada.
Mais uma surpresinha: a médica queria que eu entrasse em uma cabine cuja porta era estreita demais, portanto a cadeira de rodas não passava. Sem noção, a doutora perguntou:
- Mas ela não vai no colo?
Não é a primeira vez que um exame simples vira uma "novela", como já contei aqui.
Resumindo, pela minha cara de insatisfação, ela percebeu que lá eu não entrava nem amarrada. Fiz o exame em outra sala, onde a cadeira entrava perfeitamente.
Fim da saga? Nããããão!
Saindo do hospital, fomos dar uma voltinha no supermercado. No estacionamento, minha mãe se preparava para colocar o carro na vaga para deficientes, quando um taxista se atravessou na frente, pronto pra ocupar um lugar que não lhe pertencia. Se não fosse um segurança chamar a atenção do moço, ele tinha estacionado na vaga privativa, na maior cara-de-pau.
Antes das compras, fui fazer um "pipi-stop" básico, mas adivinha se o banheiro pra cadeirantes estava desocupado? Uma senhora saiu lá de dentro bem lépida e faceira, e ainda deu a tradicional desculpinha esfarrapada:
- Só entrei aqui pra lavar as mãos.
Bom, agora vai dar tudo certo, pensei. Ó, santa ingenuidade! A porta do banheiro estava sem chave, porque cadeirante não precisa de privacidade, né? Já até comentei isso no último post... Minha mãe teve que ficar "de guarda" na porta, ainda assim quase fui pega com as calças na mão, literalmente, quando a moça da limpeza tentou entrar.
Depois disso tudo, achei melhor ir pra casa e não sair mais. Hoje a bruxa tava solta...
E tem gente que acha minha vida fácil.{#}

sábado, 3 de dezembro de 2011

Absurdos que vemos por aí - parte 3


Olha, que raridade, um banheiro adaptado! A felicidade da pessoa acaba quando olha pra esse degrau na entrada do dito-cujo. Legal, o cadeirante pode até querer fazer suas necessidades, mas como faz pra entrar no banheiro com esse "obstáculo"?
Não bastasse isso, a porta do banheiro tem um espaço e não fecha mais do que isso. Quer dizer: privacidade zero!
15092011(005)
A gente morre e não vê tudo...