terça-feira, 27 de abril de 2010

Por onde anda o respeito?

Gente, parece que o mundo virou de cabeça pra baixo, anda todo mundo doido, fazendo coisas que até Deus duvida. Falta de educação e intolerância são as palavras mais "leves" pra descrever tantas barbaridades que a gente vê por aí...

Mas, por sorte, falar em direitos dos deficientes está na moda. Então, situações que há um tempo passariam despercebidas, tomam uma repercussão muito maior.

Vejam o que aconteceu semana passada, quando um homem foi brutalmente agredido, tudo por chamar a atenção de uma criatura que havia estacionado na vaga de deficientes.

Em que mundo vivemos? Não bastasse a falta de respeito ao usar o estacionamento privativo, tirando o lugar de quem precisa, o cidadão sentiu-se ofendido e partiu pra ignorância, espancando uma pessoa que só estava ali para defender um direito dos deficientes físicos. O homem agredido é pai de uma cadeirante, sabe o que é enfrentar o desrespeito da população diante de vagas privativas no estacionamento, calçadas irregulares e tantos outros dramas vividos por quem tem dificuldade de locomoção.

O agressor tentou se defender, disse que foi ofendido e que estacionou na vaga por não ter visto que era destinada a cadeirantes. Ah, tá, conta outra... Os lugares privativos, seja em estacionamentos, banheiros e outros raros locais destinados a deficientes, possuem uma marcação ENORME, com uma bela cadeira de rodas ilustrando para não ter erro.

A questão das vagas no estacionamento é um problema crônico. O famoso "JEITINHO BRASILEIRO" fala mais alto. É claro que fica mais cômodo deixar o carro mais perto da porta de entrada dos estabelecimentos, né? Mas educação e respeito deveriam prevalecer nesse mundo que já sofre com tantas mazelas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ser cadeirante está na moda

Em primeiro lugar, peço desculpas pela falta de atualização. Ando em fase de mudanças na minha vida profissional, ainda tentando me adaptar à nova rotina. Foram mudanças positivas, posso assegurar, mas leva um tempo para acostumar às novidades.

Pois bem, voltemos aos trabalhos!
A atual novela das 20h, Viver a Vida, está ditando uma nova moda: ser cadeirante! Os dramas vividos pela personagem Luciana (Alinne Moraes) não são retratados apenas na novela. Os telejornais, revistas e a mídia em geral não se cansam de divulgar os dilemas das pessoas com deficiência. Só no Fantástico, já vi reportagens sobre ônibus adaptados, sexualidade dos cadeirantes, entre outras.

Acho ótimo que as atenções estejam voltadas para o assunto. É muito importante mostrar que cadeirantes têm vida social, sexual, estudam, trabalham e, acima de tudo, precisam que as cidades ofereçam condições para isso.

Só espero que o tema não morra assim que acabar a novela. Afinal, após o último capítulo de Viver a Vida, Alinne Moraes irá se despedir da personagem e continuar levando sua vida normal, sem limitações. Mas os milhões de deficientes que existem por aí seguirão enfrentando os mesmos problemas de infraestrutura, preconceito e falta de inclusão.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Parece miragem...e é!



Neste verão resolvi fugir da aglomeração do litoral e fui curtir a serra. Foram cinco dias maravilhosos em Gramado, com direito a passeios por Canela e São Francisco de Paula.

Foi em São Chico que tive uma agradável surpresa. Há algum tempo li uma reportagem sobre a Livraria Miragem e, como "rata de livraria" que sou, fiquei doida pra conhecer o lugar.

Chegando lá, fiquei encantada com o espaço que a professora de história Luciana Soares criou para o deleite de seus visitantes. O nome da livraria não poderia ser mais apropriado: um lugar daqueles, em meio a uma cidadezinha tão pacata, parece Miragem mesmo...

O ambiente bucólico lembra muito aquelas livrarias antigas de filmes, com objetos e quadros que retratam a história da cidade. Mas o que mais me surpreendeu foi a acessibilidade. O prédio antigo, de três andares, é todo adaptado a deficientes físicos!

Há rampas por todos os lados, elevador e, pasmem, um banheiro adaptado! Dona Luciana me mostrou, toda orgulhosa, que eu poderia circular livremente por ali, conhecer os três andares, fazer "pipi" com todo o conforto, já que ela havia pensado em tudo para que todos pudessem desfrutar com igualdade do lugar.

Ah, Luciana não esqueceu dos pequenos leitores. Há um banheiro especialmente projetado para crianças, todo em miniatura, um mimo!
Nos fundos da livraria, há uma réplica do antigo Clube do Comércio de São Chico, que Luciana transformou em uma espécie de museu que conta um pouco dos primórdios da cidade. Para chegar até o museu há uma bela...rampa!

Saí de lá maravilhada e feliz que, em uma cidade do interior, há um lugar muito mais preparado para receber as pessoas com deficiência do que muitas grandes livrarias da Capital.

Encontrar lugares com infraestrutura adequada a deficientes não deveria ser uma surpresa, mas algo cotidiano em nossas vidas. Mas é bom saber que em São Francisco de Paula há uma Miragem, um espaço tão aconchegante que é exemplo de acessibilidade.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Marcas do que se foi


Se alguém me perguntar, hoje, se eu tenho o sonho de um dia poder caminhar, a resposta é não. Não sinto falta, juro. Como poderia me fazer falta algo que nunca fiz?

Sinto falta, isso sim,  das coisas que já fiz e que me foram tiradas por contingências da vida.

Tenho saudades de andar de bicicleta, já que há 15 anos uma cirurgia mal-sucedida restringiu os movimentos da minha perna. Antes, eu "voava" na minha bike...

Gostaria de voltar a jogar vôleibrincar de ioiôfazer as coreografias de axé de antigamente (meu passado me condena...). Após a última fratura no braço, esses simples prazeres não foram mais possíveis.

Enfim, são esses momentos tão singelos que me fazem falta. De tudo que já vivi e que agora são apenas lembranças.
Mas, apesar da saudade, não voltaria no tempo. A sabedoria que tenho hoje, mesmo com todas as perdas e limitações, não troco por nada. Aprendi a dar valor ao que tenho, que pode ser menos do que há alguns anos, mas ainda assim é suficiente pra eu continuar na batalha da vida.

Nada substitui o aprendizado constante que até mesmo (e principalmente) os momentos difíceis proporcionam.