segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Curtindo a praia sobre rodas


Ir à praia de cadeira de rodas sempre foi uma aventura pra mim. A areia, por si só, já não combina muito com as rodinhas, mas isso a gente contorna. O problema é o acesso à beira-mar, dificílimo, sem rampas e com obstáculos pelo caminho. Na maioria das vezes, nos deparamos com as imagens abaixo:
26012012169
26012012173
Em Capão da Canoa, onde passei alguns dias neste verão, o cenário mais encontrado é o das fotos acima. Porém, para minha surpresa, este ano encontrei uma alternativa bem mais viável para curtir a praia.
Uma ONG instalou essa passarela de borracha especialmente para os cadeirantes, que vai quase até o mar. No final do caminho, há uma barraca para que as pessoas com deficiência se instalem, bem protegidas do sol. Adorei!
26012012175
26012012174
26012012177
26012012178
28012012(001)
Além da esteira para cadeirantes, Capão da Canoa se destaca positivamente em outro aspecto. Há vagas de estacionamento reservadas para pessoas com deficiência em todos os lugares. E o melhor, pasmem, todos respeitam isso! Sim, porque em Porto Alegre a galera tem "fetiche" por essas vagas, como já cansei de relatar aqui. Parece que pelo menos no litoral as pessoas são mais civilizadas...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Pra que facilitar se pode dificultar?

É incrível como as pessoas conseguem criar regras que dificultam ainda mais o dia a dia das pessoas com deficiência.... Mas há momentos em que a falta de noção extrapola todos os limites.
Hoje, por exemplo, minha mãe foi até a PUCRS para renovar o cartão do estacionamento em área especial. Sou aluna da instituição há mais de 10 anos, sempre fazendo um curso ou alguma cadeira, tenho acesso ao estacionamento privativo da universidade, mas todo semestre é preciso renovar o cadastro.
Desta vez minha mãe levou um susto ao se deparar com uma burocracia que não existia anteriormente. O atendente do setor falou que o sistema mudou: a secretaria da faculdade em que vou fazer as disciplinas é que renova a licença. Mandou que fosse até lá e não precisava voltar ali, pois a renovação seria automática. Sei... tava fácil demais pra ser verdade.
Já na Faculdade de Letras, onde estou inscrita em uma disciplina isolada, uma moça que atendeu minha mãe disse que não sabia da novidade e ligou para alguém. Após isso, ficou 40 minutos digitando algo e levou em outra sala para alguém assinar. minha mãe teve que aguardar 40 minutos para que a moça fizesse uma carta atestando que sou cadeirante. O tal documento foi assinado por uma coordenadora, que nem me conhece e não fez questão de saber se minha mãe estava falando a verdade, pois eu nem estava junto. Nesse caso, qualquer um poderia ter feito isso sem ter alguma deficiência, simplesmente para ter acesso facilitado ao estacionamento.
Em seguida, a atendente informou que era preciso entregar o tal papel no prédio anterior. Minha mãe falou da orientação que havia recebido do outro atendente, mas ela disse que era preciso voltar lá. Minha progenitora, coitada, debaixo de um sol escaldante e com a sensação térmica de mais de 40 graus, continuou a maratona.
Voltando ao primeiro local (aquele da rampa enorme), minha mãe entregou o documento e, incrivelmente, o rapaz que a atendeu disse que não era preciso aquela cartinha, bastava um laudo médico que comprovasse a deficiência...  Legal, se o tal papel levou 40 minutos para ficar pronto, pra conseguir um atestado médico seriam necessários alguns dias. Bem fácil, né?
Mamãe reclamou do excesso de burocracia, que nem assim evitaria uma possível fraude: como a pessoa que assinou a carta tem certeza de que minha mãe não mentiu acerca da necessidade de estacionar o carro lá dentro? Quem é essa pessoa que atestou minha deficiência?
Minha mãe pediu a ele que tentasse argumentar com seus superiores sobre o absurdo de fazer alguém andar (ou cadeirar) de um lado pro outro para resolver uma questão que deveria facilitar a vida dos deficientes, não o contrário. Sim, porque imaginem se eu tivesse ido sozinha até lá, tocando a cadeira por toda a Universidade, esperando horas pra ser atendida? O prédio até possui rampa, mas a mesma é impossível de ser vencida por um cadeirante que esteja sozinho, a não ser que use uma cadeira motorizada. E mesmo assim seria um desrespeito, não acham?