sábado, 15 de maio de 2010

Não é coisa de novela



A novela Viver a Vida, que terminou ontem, abriu espaço para muita discussão em torno dos problemas dos deficientes. Mais do que isso, pautou a mídia, que diariamente apresentava matérias especiais sobre o assunto e mostrava pessoas com deficiência superando obstáculos do dia-a-dia.

Mas a realidade da personagem Luciana era bem distante da maioria dos deficientes físicos. Por ser de família rica, a reabilitação, os equipamentos, cadeiras de rodas de última geração, tudo era bem mais fácil.

Sabem quanto custa a cadeira de rodas da Luciana? Quase 7 mil reais! Esse é o preço da cadeira manual, não a motorizada, que deve ser mais cara ainda. Somente as rodas custam 2.500! Então, pra "viver a vida" de Luciana, é preciso muito investimento.

A verdade é que no mundo fora da novela, muita gente passa por apertos financeiros que não permitem o conforto necessário. Eu, por exemplo, pesquiso muito antes de trocar minha cadeira de rodas, que nem é das mais caras. E quem me dera ter uma sala de fisioterapia em casa, uma handbike, uma junta médica sempre à disposição, como a personagem da novela...

Sessões de fisioterapia, acesso a educação ou simplesmente a vivência diária de pessoas com deficiência não são nem de perto aquela magia que Manoel Carlos mostrou. Queria ver em novelas um cadeirante sem condições financeiras, tendo que pegar ônibus, nem sempre adaptados, batalhar pra conseguir reabilitação gratuita, entre tantos problemas que fazem parte realidade de milhões de brasileiros.
Mas o primeiro passo já foi dado, que venham outras Lucianas, mostrando que a novela pode fazer um grande papel social.
Foto: Divulgação, TV Globo

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