terça-feira, 1 de outubro de 2013

Um show de equívocos

Foto: Divulgação, Opus

Quem tem dificuldades de locomoção sabe que ir a shows, cinema, peças de teatro ou qualquer atividade fora da rotina é uma verdadeira aventura. É preciso toda uma preparação prévia, busca de informações a respeito do lugar, se é acessível, como funciona o estacionamento, entre outros detalhes que fazem toda a diferença.

Cinemas, como já cansei de contar aqui, já não são mais aquele "bicho de sete cabeças" de antigamente. Em Porto Alegre, a maioria das salas é adaptada e conheço quais são as que oferecem melhores condições de acessibilidade. Porém, quando se trata de um local desconhecido, aí que a coisa complica.

Na última sexta-feira fui conferir o show de Ivete Sangalo, um espetáculo intimista só com as músicas românticas da cantora. Gosto muito dela, mas nunca me animei a ir a shows, porque sempre tem aquele repertório mais agitado, com a galera pulando sem parar, o que não combina comigo por motivos óbvios.

Enfim, pensei que seria um show tranquilo e ideal pra que eu prestigiasse Ivetinha. Aí não basta querer, ter grana pros ingressos, garantir um bom lugar e escolher uma roupa bonita. A saga é bem mais complexa...
Antes de tudo, comprei os ingressos, o meu especial pra cadeirantes, que eu imaginava ser em um local "VIP", pertinho do palco e coisa e tal...

Duas semanas antes do show, minha mãe foi ao Auditório Araújo Viana, local do evento, pra tentar descobrir se seria possível deixar o carro bem próximo à entrada. Após falar com funcionários do local e policiais militares, foi a produtora que concedeu autorização para deixar nosso veículo lá dentro, perto da porta. Ok, maravilha, nada pode dar errado. Santa ingenuidade.

No dia do show, fui toda linda e contente e pronta pra cantar com Ivete, mas logo na chegada, primeira surpresa desagradável: funcionários do Araújo Viana não permitiram que minha mãe deixasse o carro lá dentro, ameaçaram chamar o guincho, disseram que a produtora não mandava nada e que era proibido e pronto. Esse estresse inicial já acabou com boa parte da minha animação pro show, mas respirei fundo e fomos em frente. Deixamos o carro na rua, já que era o único jeito.

Ao entrar no local, fomos procurar nossos lugares. Surpresa desagradável 2 - a missão: o lugar pra cadeirante era beeeeeem longe do palco, mal dava pra enxergar. Sem contar que era meio de canto, com uma visibilidade péssima. Chamamos o segurança e questionamos se não poderiam me colocar lá na primeira fila, mas ele explicou que por normas de segurança, os lugares especiais ficam nas "pontas" da plateia, próximos às portas de saída. Bacana, o cadeirante não enxerga nada do show, mas pelo menos fica seguro.

Respirei fundo de novo e tentei curtir o show da melhor forma possível, mas até ali metade da minha alegria já tinha se esvaído. Ivete parecia uma formiguinha lá no palco, o som ficou péssimo (não sei se por acústica
ruim ou por estarmos muito longe) e fiquei o tempo todo pensando: "Por que tudo é tão difícil?"

Nessas horas, bate aquele desânimo. Pras pessoas "normais", sair pra curtir um bom show, peça de teatro ou qualquer espetáculo são coisas simples, sem estresse. Mas pra mim tudo se torna uma verdadeira novela, cheia de reviravoltas nem tão emocionantes... Por outro lado, também não dá pra passar o resto da vida trancada em casa, né? Pelo menos eu tenho bastante história pra contar.

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