sexta-feira, 12 de março de 2010

Eu fico com a pureza das perguntas das crianças...



Voltando ao assunto "crianças"... Uma vez fui convidada por professoras do meu antigo colégio a conversar com os alunos sobre minha deficiência, já que o tema da Campanha da Fraternidade naquele ano era: “Fraternidade e Pessoas com Deficiência”.

Assim, respirei fundo e resolvi aceitar o desafio de saciar a curiosidade de centenas de alunos. A primeira turma com quem conversei foi da 1ª série do Ensino Fundamental, onde fui recebida com um misto de espanto e muita, mas muita curiosidade.

Assim que a avalanche de perguntas começou, ouvi algumas "pérolas" como:

- Como é que ela dorme?
Pensei em responder: "Fechando os olhos, ué!", mas lembrei que a maioria daqueles pequenos seres de 6, 7 anos, não devia ter contato com cadeirantes. A dúvida era se eu dormia na cadeira de rodas (bom, talvez no meio da aula...). Respondi que saio da cadeira e vou pra cama, como qualquer pessoa eu consigo deitar, gente!

- Como é que ela nasceu?
Antes que eu respondesse, uma das crianças se adiantou: "O pai e a mãe dela fizeram sexo, né!" É, nunca subestime a esperteza infantil...

Observem que eles usavam a terceira pessoa, perguntando à professora, e não a mim, que estava ali em frente. Isso, aliás, muitos adultos também fazem, acham que além de não poderem caminhar, cadeirantes não sabem falar.

A conversa fluiu muito bem, é claro que respondi a todas as questões com naturalidade, e tenho certeza de que aqueles meninos e meninas saíram dali com outra visão a respeito dos deficientes. Muitos vieram me abraçar, ganhei desenhos feitos especialmente pra mim e alguns amiguinhos, que com certeza crescerão sabendo respeitar as diferenças.
Imagem: Divulgação

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